Foram encontrados 62 registros para a palavra: José Gonçalves do Nascimento

ARTIGO - JOÃO GRANDE

João Grande foi um mestre, no sentido mais pleno da palavra. Com ele aprendi as coisas do céu e as coisas da terra. A bem da verdade, mais as coisas da terra do que as do céu.

Do céu, aprendi que Deus não trabalha sozinho; aliás, nunca trabalhou sozinho; sempre dependeu da gente pra agir nesse mundo; aprendi que são os homens – os homens e as mulheres – quem na verdade fazem os milagres, cabendo a ele – a Deus – apenas o consentimento; os homens – os homens e a mulheres – seriam, assim, os olhos, a mente, o coração, os pés, os braços e as mãos de Deus...

ARTIGO - O 18 DE BRUMÁRIO DE JAIR BOLSONARO: FARSA E TRAGÉDIA

No livro "18 de Brumário de Luís Bonaparte”, Karl Marx (repetindo Hegel) afirma que a história acontece duas vezes: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. O livro estabelece a correlação entre o golpe de Estado de Luís Bonaparte, em 1851, e o golpe de Estado de Napoleão Bonaparte, em 1799. (Sobrinho e tio, respectivamente).

Tomando por base a linha discursiva de Marx, poderíamos dizer, a princípio, que Bolsonaro é Mourão Filho (que deflagrou o golpe de 1964) Castelo Branco, Costa e Silva (e sucessores) Golbery, Brilhante Ustra e toda essa caterva de ditadores, torturadores e genocidas.
 
Mas há outro elemento que com Bolsonaro volta à tona: o discurso anticomunista. O mesmo discurso utilizado em 1937, para justificar o Estado Novo, e em 1964 para respaldar a deposição de Jango e a consequente ascensão dos militares. E sempre no mesmo diapasão: ou seja, um discurso revestido de falácias, mentiras, e toda sorte de aberrações históricas, como, por exemplo, a afirmativa de que o Brasil foi um país socialista, ou de que as escolas brasileiras estão impregnadas da teoria marxista...

POR QUEM OS SINOS DOBRAM (uma reflexão sobre a solidariedade)

Começo recorrendo ao mestre John Donne, citado por Ernest Hemingway, no clássico "Por Quem os Sinos Dobram": “Nenhum homem é uma Ilha, um ser inteiro em si mesmo; todo homem é uma partícula do Continente, uma parte da terra. Portanto, nunca procures saber por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti”.

Costuma-se dizer que o que nos une, enquanto humanidade, é maior do que aquilo que nos divide. E é verdade. Pelo menos nestes aspectos: habitamos sob o mesmo teto, respiramos o mesmo ar, bebemos a mesma água; vivemos sob o mesmo céu, nos banhamos no mesmo mar, nos alimentamos dos mesmos nutrientes; temos em comum o nascer, o viver e o morrer; partilhamos dos mesmos problemas, das mesmas inquietações, das mesmas incertezas; somos semelhantes em tudo, inclusive na finitude; participamos dos mesmos destinos, viajamos na mesma embarcação, estamos sujeitos aos mesmos limites...

ESPAÇO DO LEITOR: A AÇÃO DELETÉRIA DE SETORES DO FUNDAMENTALISMO EM FACE DE DETERMINADAS EXPRESSÕES SIMBÓLICAS

“– Cortou-se a extremidade superior de todas as cruzes para delas se fazerem TT. Havia também uma coisa chamada Deus”. (Aldous Huxley)

Vez ou outra nos deparamos com episódios de descaso ou até mesmo de afronta moral, quando não física, a determinados símbolos, sejam eles de viés religioso ou laico. (O que não deixa de ser um tremendo contrassenso, já que vivemos num mundo constituído todo ele do elemento simbólico). Falamos de símbolo enquanto forma de apreensão da vida, do mundo, das coisas, do mistério; e que envolve a existência humana em toda sua complexidade...

ARTIGO - ENCANTOS DO GRANDE SERTÃO

“E o sertão é um paraíso...”   (Euclides da Cunha) 
“O sertão é confusão em grande demasiado  sossego”.  (Guimarães Rosa)

O sertão é o baluarte dos valentes, dos fortes, dos guerreiros. É o berço dos poetas e utopistas. É o templo dos místicos e dos visionários. Sua bravura está calcada nas chamas do sol do meio dia. Sua poesia é filha da noite enluarada em tempo de festa junina. Sua fé vem do arrebatamento do espírito diante da superioridade do arrebol que reveste o horizonte nas horas vespertinas. O sertão é a perene e fecundante explosão da vida em forma de fogo, calor e fulguração. É o império da luz sobre a escuridão. Do movimento dinâmico das coisas sobre o marasmo gélido das cavernas. É a flor tenra que brota na fenda da pedra bruta, como que a indicar o triunfo dos humildes sobre a potência dos bárbaros...

ARTIGO - MARTINHA REDIVIVA

Será lançado, em breve, o romance histórico “Martinha (a bonfinense que gostava de tomar banho nas ruas)”, de autoria do músico e escritor Paulo Fialho.

Mesclando ficção e realidade, a história tem como cenário a glomourosa Senhor do Bonfim dos anos cinquenta, com seus serviços de alto-falante, filarmônicas, teatros e chafarizes. A mesma Senhor do Bonfim que despertava para os primeiros acordes da Bossa Nova, de João Gilberto, enquanto imergia nas luzes do chamado “progresso civilizatório” que aí chegava, graças ao trem de ferro que serpenteava por entre os grotões sertanejos, levando a moda, os costumes e os vícios das grandescidades...

O FUTURO QUE PASSOU

Não há quem não se deslumbre com a leitura do excelente título de Domenico De Masi, “O Futuro Chegou”, lançado faz pouco tempo. No capítulo que diz respeito ao Brasil, o sociólogo empreende ampla e balizada abordagem, que vai desde 1500, ano da invasão portuguesa, até 2013, quando conclui ele o primoroso ensaio.

Atém-se o autor ao que ele próprio chama de “modelo brasileiro”. Ou seja, depois de 450 anos copiando o modelo europeu, e de 50 anos copiando o modelo americano, o Brasil, finalmente, descobre seu próprio modelo. “O Brasil já se sente um país de ponta, capaz de propor mesmo ao exterior o próprio modo de ser e de servir como modelo alternativo de sociedade”, afirma o estudioso...

ARTIGO - J’ACCUSE

Atento à gravidade da conjuntura da política brasileira, e em veemente contraposição à narrativa urdida pela elite burguesa do país, com o claro objetivo de resguardar seus seculares privilégios, deponho o que segue:

Acuso os golpistas de haverem promovido, com o apoio da mídia e das forças reacionárias, um golpe político e institucional, destituindo um governo democraticamente eleito pela maioria do povo brasileiro...

ARTIGO - BOLSONARO E O BEZERRO DE OURO

Frustrados nas suas expectativas, após o longo exílio do Egito, os hebreus resolveram construir um “bezerro de ouro”, “um deus que marchasse à sua frente” (Ex. 32, 1), como o único capaz de conduzir o povo pela tortuosa travessia daquele deserto infindo. 

Conforme o citado texto bíblico, foi necessária a intervenção do próprio Deus para que o mesmo povo, por conta daquela escolha precipitada, não viesse a degenerar-se, perdendo sua unidade e caindo nas mãos dos inimigos...

RESISTÊNCIA

Teu nome é resistência,

teu nome é ousadia,..

PAIXÃO

Cinco horas da manhã. Inverno.
Um jato de água
acorda o irmão na rua, 
enquanto um gari,
trajando uniforme amarelo,
recolhe o que sobrou
da comida anteriormente
disputada por homens e cães.

Não muito longe dali,
no farol da Rua Direita,
um menino sem camisa
faz um número de malabares
(malabares de bolas coloridas),
na esperança de que algum passante
lhe ofereça qualquer trocado...

ARTIGO - O ROMEIRO

O romeiro é um farol sempre vigilante a dissipar a insistente escuridão que ainda teima em esconder o horizonte. Ele é todo regozijo, satisfação, entusiasmo, exultação, deleite, felicidade. No seu passo lento e concentrado está a chama ardente da esperança; no seu silêncio mais contido está o grito epifânico da vitória; no seu rosto compungido está o pulsar eufórico da alegria. Ele nunca está triste, abatido, desesperado, pois sabe que para além de todas as adversidades possíveis há algo maior a que recorrer.

O romeiro é um iluminado. Seus pés arrastam luz por onde quer que andem; suas mãos semeiam estrelas que tornam o cotidiano menos sisudo; seus olhos têm o brilho do sol em dias de verão. Tamanha é a intensidade da sua luz que por onde ela passa costuma deixar marcas indeléveis. Marcas à primeira vista insignificantes, frágeis, desprovidas de brilho, mas que acabam lançando raízes, formando bases, criando histórias. Uma cruz, uma escada de pedra, uma imagem sem cabeça podem ser o suficiente para moldar um povo, forjar uma cultura, firmar uma identidade...

O CÉU BRILHOU EM CANUDOS

Final do século dezenove. No rastro de antigos missionários, e conduzido pela estrela do Bendegó, um homem cruza os sertões em busca da terra anunciada. Pouco tempo havia desde que a república fora proclamada, quando Antônio Vicente Mendes Maciel, o Conselheiro, chegou ao arraial de Canudos para dar início à sua saga redentora. A notícia fez com que famílias inteiras deixassem tudo para trás a fim de se juntar ao profeta.

O sertão quase que esvaziou. As fazendas fecharam suas porteiras. As cercas despencaram e não havia mais quem as erguesse. Os engenhos viraram fogo morto e agora não passavam de uma triste lembrança na crônica sertaneja. Os ferros que antes davam forma às correntes transformaram-se todos em arados. Negros, índios, vaqueiros, gente do eito, antigas escravas, parteiras, benzedeiras, professoras, poetas, beatos, menestréis, toda essa enxurrada de gente arribou em massa para a aldeia sagrada. Em pouco tempo Canudos já era a maior vila do sertão. Desesperado, um barão daquelas terras escreveu no jornal, queixando-se da falta de braços nos seus alargados domínios. ..

ARTIGO - VIVA O JUMENTO

Há notícias de que um prefeito do sertão acaba de negociar a venda de carne de jegue para os frigoríficos da China. A medida é apenas uma dentre tantas outras que vêm sendo cogitadas pelas autoridades do nordeste, no sentido de retirar de circulação nosso velho e pacato jumento.

O novo nicho de negócio vem sendo aplaudido como uma mão na roda. Já há até quem fale no surgimento, em pleno século XXI, de um novo ciclo econômico no nordeste: o ciclo do jegue. Algo talvez mais grandioso do que o ciclo do ouro, do couro, da borracha, do café, ou até mesmo da cana-de-açúcar. A ideia é unir o útil ao agradável: retirar o bichinho de circulação e ao mesmo tempo gerar lucro com seu abate, alimentando-se com sua carne os estômagos mandarins...

Artigo - “A BELEZA SALVARÁ O MUNDO”

A frase é de Fiódor Dostoiévski e está em “O idiota”, romance de 1868. É dita, precisamente, pelo personagem Hippolit que a atribui ao protagonista da trama, o príncipe Míchkin, um misto de Cristo e Dom Quixote.

A beleza, aqui entendida sob o ponto de vista da criação artística, nas suas mais diversas manifestações, de fato salvará o mundo. E o fará por sua profunda capacidade de ler e interpretar o mundo, com todas as complexidades a este inerentes. Neste sentido, a afirmativa do escritor russo soa quase como uma profecia...

CANUDOS: UMA UTOPIA NO SERTÃO

Entre os anos de 1896 e 1897, mais da metade do exército da República foi enviada ao interior da Bahia, com o fim de destruir o arraial de Canudos. Enquanto a guerra se desenrolava no sertão, alguns órgãos de imprensa e alguns círculos intelectuais procuravam uma definição para aquela “curiosa comunidade”, como chegou a escrever um jornal inglês.

Por muito tempo, acreditou-se no caráter monarquista do arraial. Mas não faltou quem também o distinguisse como um reduto comunista. Alguns depoimentos, pinçados aqui e ali, apontam nessa direção...

ARTIGO: MONTE SANTO E O EPISÓDIO DE CANUDOS

A cidade de Monte Santo, situada no semiárido baiano, à sombra da Serra do Piquaraçá, foi, no passado, palco do episódio de Canudos. Tornado vila em 1837, o lugarejo detinha uma área territorial que abarcava grande parte do sertão baiano, incluindo Canudos, povoação fundada às margens do rio Vazabarris pelo peregrino cearense Antônio Vicente Mendes Maciel, ou Antônio Conselheiro.

Em 1888, o coronel Durval Vieira de Aguiar, no seu livro Descrições Práticas da Província da Bahia, informava ter visto Antônio Conselheiro em terras de Monte Santo, mais precisamente no povoado do Cumbe, atual Euclides da Cunha (BA). Escreveu Durval Vieira de Aguiar: “Quando por ali passamos achava-se na povoação um célebre Conselheiro, sujeito baixo, moreno acaboclado, de barbas e cabelos pretos e crescidos, vestido de camisolão azul, morando sozinho em uma desmobiliada casa, onde se apinhavam as beatas e afluíam os presentes, com os quais se alimentava (...) O povo costuma fluir em massa, aos atos religiosos do Conselheiro, cujo aceno cegamente obedece (...) Nessa ocasião havia o Conselheiro concluído a edificação de uma elegante igreja no Mucambo, e estava construindo uma excelente igreja no Cumbe, onde a par do movimento do povo, mantinha ele admirável paz”...

ARTIGO - A CAATINGA E SEUS MUITOS ENCANTOS

Ao se deparar pela primeira vez com a caatinga, espanta-se Euclides da Cunha com aquela “flora inteiramente estranha e impressionadora capaz de assombrar ao mais experimentado botânico”. Chega a ser contundente: “é uma flora agressiva”. Depois emenda: “agressiva para os que a desconhecem — ela é providencial para o sertanejo”.

A caatinga é mais que uma vegetação, é um templo. E o sertanejo tem com ela uma relação mais que amorosa: espiritual. Relação de devoção mesmo. Não há sertanejo que não venere a caatinga como se fosse esta uma coisa sagrada. Ela é quase indizível, imperscrutável. Somente os que com ela convivem são capazes de decifrá-la em plenitude. Nela coexistem valores que só o sertanejo é capaz de captar. A caatinga é uma questão de identidade. De espírito. De consciência. Não basta nela conviver. É preciso vivê-la, senti-la, penetrar sua essência. Beber sua seiva sagrada...

ARTIGO - 70 ANOS DA “GEOGRAFIA DA FOME”

O drama da fome está presente em obras importantes da literatura brasileira, em especial aquela produzida por intelectuais nordestinos. Em algumas obras, o tema chegou a inspirar cenas que, por sua força e dramaticidade, tornar-se-iam verdadeiramente antológicas:

Em “O quinze”, de Raquel de Queiroz, o personagem Chico Bento, após esfolar uma cabra que encontra pelo caminho, e estando cego de fome, leva à boca os dedos sujos de sangue, comprazendo-se no “gosto amargo da vida”. No romance “Vidas secas”, de Graciliano Ramos, a cachorra Baleia, há dias esfomeada, sonha com um mundo povoado por muitos e gordos preás. Em “A bagaceira”, de José Américo de Almeida, João Troculho, em diálogo com Lúcio, revela seu maior desejo: “comer até matar a vontade”...

ARTIGO - “ESPANTALHO DE AÇO”

As marcas da Guerra de Canudos ainda estão por toda parte, como que a denunciar a terrível carnificina que se abateu sobre o sertão nordestino, no fim do século XIX, ceifando a vida de milhares de brasileiros, entre sertanejos e integrantes das forças militares. Dentre os numerosos vestígios concernentes a tal episódio, há que se destacar o famigerado canhão Withworth 32, utilizado para varrer do mapa a cidade sagrada de Antônio Conselheiro. Oriundo da indústria alemã, o Withworth 32 era uma geringonça de 1,7 tonelada, que precisava de 20 juntas de bois para ser puxada. Os sertanejos apelidaram-no de "matadeira". 

A condução dessa poderosa máquina de guerra até os sertões da Bahia afigurou-se tremendo erro de estratégia por parte dos militares, visto tratar-se a mesma de peça excessivamente pesada e, por conseguinte, inapropriada para solos acidentados, como aqueles em que se desenrolou o conflito armado entre o exército brasileiro e os adeptos de Antônio Conselheiro. Tratava-se de um artefato de uso da marinha do Brasil, que acabou incluído no rol de armamentos destinados à guerra de Canudos.

Sobre ele escreve Euclides da Cunha, em "Os sertões": “a pesada máquina, feita para a quietude das fortalezas costeiras era o entupimento dos caminhos, a redução da marcha, a perturbação das viaturas, um trambolho a qualquer deslocação vertiginosa de manobras”. E arremata: “Era preciso, porém, assustar os sertões com o monstruoso espantalho de aço.”

“Era dificílimo acertar o alvo com esse canhão. A balística exigia cálculos a cada tiro, havia mais de um engenheiro para cada canhão”, afirma o escritor Godofredo de Oliveira Neto, sobrinho neto do general Mesquita, oficial na guerra de Canudos.

No dia 29 de junho de 1897, durante intenso canhoneio, o Withworth 32 sofreu uma grande explosão, provocando a morte de dois oficiais do exército: o médico Alfredo Gama e o 2º tenente Odilon Coriolano. A peça estava posicionada no Alto da Favela, de onde tentava bombardear o povoado. Alguns historiadores defendem ter sido a explosão uma sabotagem dos canudenses, que se infiltraram nas tropas da quarta expedição, usando uniformes militares. 

Certa feita, Antônio Pajeú e Joaquim Macambira Filho formaram grupo com mais 10 combatentes para atacar o canhão. Todos foram mortos nessa heroica empreitada, restando apenas um para contar a história.

Abandonado pelas tropas no final da guerra, o Withworth 32 receberia, anos mais tarde, os cuidados do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), que o apoiou em imponente pedestal na área onde tivera lugar o conflito. Em 1940, recebeu a visita do ditador Getúlio Vargas, que cumpria agenda política na Canudos pós-conselheirista. 

Com a construção do açude  Cocorobó, nos anos sessenta, foi a lendária peça transportada para Salvador , ficando exposta no Museu do Unhão. Em 1983, foi removida para Monte Santo, onde permanece até hoje. Ali, na praça monsenhor Berênguer, divide espaço com mais dois importantes monumentos da história canudense: a estátua de Antônio Conselheiro e o busto do ministro da Guerra, marechal Carlos Machado de Bittencourt.

José Gonçalves do Nascimento
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